Contra a intenção do diretor, nem a caricatura de Bento XVI levada à tela conseguiu apagar as virtudes desse grande teólogo, filósofo e Papa.
Por trás do esforço de reafirmar o estereótipo negativo, aparece aquilo que o santifica: a firmeza e a certeza das verdades da fé; a erudição e a intelectualidade; o cuidado a liturgia do cargo; o senso de responsabilidade histórica e a racionalidade.
Para o verdadeiro católico, que conhece o legado de Ratzinger desde os tempos de Cardeal, o filme desperta três sentimentos. Primeiramente, saudade. Em segundo lugar, uma sensação de injustiça com a biografia de Bento XVI, um dos maiores teólogos do século XX. Por último, fica a impressão positiva, pois o filme retrata a beleza da liturgia, da ritualística e da tradição sedimentadas em 2000 anos de história da Igreja Católica.
É um filme anticatólico, com grandes atuações e uma bela fotografia. Pelos católicos pode e deve ser assistido com o olhar crítico, ciente de que trata-se de uma ficção “baseada em fatos reais”. Por um lado diminuíram Bento XVI, por outro transformam Francisco num simpático herege – o que também é uma injustiça. A sensação é de que a intenção era a de usar a figura de um (Bento) como fundo escuro para o retrato radiante do outro (Francisco).
Seria justo com o título do filme que a trajetória do cardeal Ratzinger tivesse espaço e destaque na película, tanto quanto a do cardeal Bergoglio. Já que o filme traz um Francisco “antes da fama”, poderia mostrar um Bento “durante a fama”. Aliás, é importante dizer que Bento XVI talvez fosse impopular entre os acatólicos, os anticatólicos e os católicos jujuba. No mais, ele foi e é amado e popular entre os católicos.
Aqui em casa, particularmente, ele sempre foi popular, como demonstra esse cantinho de biblioteca.
